Infelizmente, hoje em dia boa parte dos conselhos sobre como educar meninos vem de pessoas que reproduzem um discurso retrógrado e machista, principalmente quando se trata de educar meninos.
Um exemplo disso foi quando presenciei uma baba recriminando um menino de aproximadamente 3 anos por estar chorando. Ela disse: “Vamos lá, homem não chora”. Essa frase me causou um verdadeiro mal-estar. Como é cruel para uma criança ser recriminada por estar manifestando seus sentimentos! O choro é uma forma de expressar uma emoção, e isso deve ser valorizado.
Até a década de 70, a identidade masculina era bem demarcada: ser homem era ser viril, forte, insensível, grosso e agressivo. Esses modelos, que o movimento feminista colocou em xeque, ainda são reproduzidos na forma como educamos nossos filhos. Homens ainda são vistos como fortes, seguros, financeiramente estáveis e competentes profissionalmente, enquanto as mulheres são referência de afeto, amor, sensibilidade, acolhimento e tolerância. Meninos e meninas reproduzem esses estereótipos em suas brincadeiras.
É preciso permitir que homens e mulheres transitem nesses lugares para possibilitar aos nossos meninos se identificarem com modelos que rompem com esses estereótipos. Delicadeza, sensibilidade, afetividade e proteção são atitudes comuns no tratamento reservado às meninas, mas será que os meninos não precisam tanto disso quanto elas?
Ao contrário do que muitos pais pensam, romper com a dureza e o autoritarismo que permeiam a educação de um menino não vai comprometê-la. Pelo contrário, o afeto e o amor humanizam e transformam os meninos em garotos sensíveis, capazes de expressar seus sentimentos sem culpa e de reconhecer e compreender as necessidades do outro.
Transformar meninos em garotos sensíveis não é mimá-los ou torná-los femininos. É criar filhos mais felizes e equilibrados e prepará-los para um mundo em constante transformação, que acolhe e tolera melhor as diferenças. É importante lembrar que esse mundo não seria possível sem o movimento feminista, que questionou e rompeu com os modelos machistas e retrógrados de educação e identidade de gênero.
Como mãe de menino, defendo uma educação que valorize a sensibilidade, a afetividade, o amor e a empatia. Essas são qualidades importantes não só para os meninos, mas para todas as crianças, independentemente de gênero.
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